sábado, 1 de agosto de 2020

O Monstro Interno



  





    Andava a passos vagos na rua escura. O chão era de paralelepípedo; a noite solitária e fria, o vazio interno era tão grande que o ar gelado não me afetava.
    Estava só, completamente só, não avistava uma única alma por todo o caminho, apenas os passos de meus próprios pés sussurravam em meus ouvidos.
    Eis que mais dois passos surgiram por detrás de mim.
    — Quem seria? O que queria? — falei baixinho.
    Por entre as vidraças das casas avistei um sujeito alto, esguio, vestimenta negra e um capuz da mesma cor,cobrindo por completo seu rosto, se é que tinha rosto.
    Resolvi verificar se estava me seguindo mesmo, então diminui os passos, o sujeito os dele, aumentei os passos, o pretume os dele. Foi quando num solavanco gritei:
    — O que queres afinal coisa horrenda?
    A criatura, como fumaça, sumiu por entre o frio e a neblina.

 .... Novamente sou eu e apenas os meus passos na calçada escura e fria!

Rose Rabelo
Autora


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